Apesar dos diversos mitos e verdades ao longo do tempo, o fato é: o ovo é um dos melhores alimentos do mundo, devido ao seu alto valor nutricional e baixo impacto ambiental. Composto por proteínas altamente absorvíveis pelo organismo, vitaminas, minerais e gorduras saudáveis, o ovo é reconhecido como uma alternativa a outras proteínas, como a carne vermelha, além de apresentar uma pegada de carbono consideravelmente menor, o que representa menos impactos para o meio ambiente.
O ovo é a proteína mais consumida no Brasil (95%) e na média global de outros 27 países (91%), como revelou a pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2020, desenvolvida por Instituto Akatu e GlobeScan. O alto consumo de ovos está relacionado ao fato de ser um alimento relativamente acessível, versátil para diferentes tipos de receitas e disponível para carnívoros e vegetarianos, ficando de fora apenas da dieta vegana.
Com toda essa popularidade, o consumo de ovos praticamente dobrou no Brasil — de 131 em 2007 para 257 unidades por pessoa ao ano em 2021, de acordo com o último levantamento da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). E quando os ovos ganham mais espaço no prato, em vez de outras proteínas animais, isso é bom para o meio ambiente: a produção de 1 kg de carne vermelha emite 60 kg de CO2, gás que agrava a crise climática, enquanto na produção de 1 kg de ovo são emitidos apenas 4,5kg de CO2, segundo a Climateq.
“Diversos levantamentos mostram que se consumido de forma adequada, os ovos trazem diversos benefícios alimentares. Ao mesmo tempo, ele é um alimento com impactos muito menores para o meio ambiente em relação a qualquer tipo de carne”, ressalta Bruno Yamanaka, especialista de conteúdos do Instituto Akatu, ONG focada na mobilização da sociedade para o consumo consciente e sustentável.
Bruno ressalta que a melhor opção, entre os tipos de ovos disponíveis no mercado, é o ovo orgânico. “Os ovos orgânicos são produzidos buscando um manejo equilibrado do solo e demais recursos naturais, onde a galinha recebe alimentação com ingredientes orgânicos e se movimenta livremente, sem o uso de antibióticos e hormônios para crescimento”, explica.
Para orientar os consumidores sobre o consumo consciente de ovos, especialistas do Instituto Akatu destacam algumas boas práticas:
Na hora da compra
Evite comprar ovos com a casca rachada, quebrada ou trincada, pois qualquer dano à casca pode resultar em colonização de microrganismos;
Não consuma ovos que estejam em embalagens com mofo, bolor ou com vapor de água condensado, pois sugerem que o produto foi mal armazenado;
Priorize produtos de origem animal que possuam o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura ou do serviço de inspeção estadual ou municipal;
Observe a data de fabricação e a validade do produto, pois o ovo é muito perecível e perde qualidade em temperatura ambiente. Recomenda-se o consumo em torno de 20 dias após a postura.
Ao armazenar
Não lave os ovos antes de guardá-los para preservar a película protetora da casca. O ideal é higienizá-los somente na hora do preparo;
Mantenha os ovos na geladeira em torno de 8oC de temperatura e, preferencialmente na embalagem original para evitar absorção de odores e perda de água;
Evite o armazenamento dos ovos na porta da geladeira, local que sofre maior variação de temperatura e com risco de trincas e contaminação pelo deslocamento.
No momento do preparo
Teste a qualidade do ovo submergindo-o em água, se boiar não deve ser utilizado para consumo humano;
Cozinhe bem os alimentos (até a clara e a gema ficarem firmes) e evite o consumo de produtos à base de ovos crus (como maionese caseira) para evitar a contaminação por salmonella;
Lave bem os utensílios e as mãos antes e depois de manipular os ovos crus para evitar contaminação cruzada. O cuidado com a limpeza abrange desde os utensílios às superfícies, como as bancadas da cozinha.
“É crucial que os consumidores estejam atentos às diferentes formas de produção de ovos, escolhendo conscientemente aquelas que respeitam o bem-estar animal e o meio ambiente. Ao mesmo tempo, a indústria também deve promover alternativas mais sustentáveis de alimentação”, observa Bruno.
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