RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Dois dias após as primeiras noticias, a Light confirmou na noite de quarta-feira (6) que seu conselho de administração aprovou um plano de saída da recuperação judicial iniciada em maio para lidar com uma dívida de cerca de R$ 11 bilhões.
A confirmação foi feita em resposta a questionamento da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que ainda pergunta por que a companhia não divulgou fato relevante sobre a decisão do conselho, conforme determina o órgão regulador.
A notícia sobre a nova estratégia da Light começou a circular na terça (6). Na quarta (7), ainda sem qualquer manifestação oficial, as ações da empresa caíram quase 9% na B3. A confirmação só foi publicada no sistema da CVM às 20h43 de quarta.
Não há detalhes sobre a proposta no comunicado. Nele, a Light diz que o conselho aprovou “a elaboração de um plano para a saída da sua recuperação judicial” e que manterá o mercado informado “a respeito dos aspectos relevantes e significativos de seus negócios, incluindo aqueles relacionados ao tema acima”.
Diz ainda que “reafirma o compromisso de que eventuais decisões a serem tomadas por sua Administração continuarão sendo pautadas no melhor interesse da Companhia e de seus stakeholders, e na continuidade da prestação dos serviços objeto das concessões”.
Segundo fontes, a ideia da empresa é condicionar o fim do processo de recuperação judicial a um acordo para alongamento e conversão de dívidas com os grandes credores. Acena ainda com um aporte de R$ 1 bilhão de seus sócios controladores.
Conversas nesse sentido, porém, já estão em curso desde que a BR Partners assumiu a missão de negociar. Embora prefiram a via da negociação direta, porém, a Folha apurou que os fundos que detêm debêntures da empresa não veem possibilidade de acordo no curto prazo.
Eles concordam que a reestruturação passará pelo alongamento de prazos e pela conversão de parte das dívidas em ações, mas a definição sobre o valor dos papéis que serão cedidos aos credores ainda está longe de um consenso.
O valor de mercado da Light disparou nos últimos meses, em meio a um avanço do empresário Nelson Tanure sobre o controle da companhia. Para os debenturistas, mesmo com a queda desta quarta, o preço das ações não reflete a situação de crise da empresa.
O pedido de recuperação judicial da distribuidora era contestado pelos credores e por especialistas no setor elétrico, já que a lei não dá a concessionárias de serviço público a possibilidade de pedir socorro à Justiça para equacionar dívidas.
A avaliação é que a Light tenta acelerar o processo de reestruturação financeira para dar uma resposta à Aneel, que vê a empresa sem condições financeiras para negociar a renovação de sua concessão para distribuir energia elétrica para parte do estado do Rio de Janeiro.
A concessão vence em 2026, mas o processo de renovação tem que ser iniciado este ano. Caso a Aneel opte por não renovar, terá que realizar um leilão para buscar um novo concessionário para o serviço.
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