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Fazenda insiste em maior rigor para taxar super-ricos e diverge de relator

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(FOLHAPRESS) – O Ministério da Fazenda diverge de trecho da proposta apresentada pelo relator na Câmara do projeto de lei sobre tributação de fundos exclusivos e das offshores, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), e insiste para que o texto eleve o rigor para a concessão de benefícios a fundos de investimento.

Segundo o parlamentar, a Receita Federal defendeu o aumento do número de cotistas para os Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais) e para os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário), mesmo que haja um enquadramento faseado.

“A gente apresentou proposta para limitação da participação das cotas de familiares até segundo grau, a Receita tem restrição a essa proposta. […] A questão é a dificuldade operacional de efetivamente fazer essa limitação pela rapidez com que muitos fundos que usam esse mecanismo fazem cisão, mudam, utilizam até mesmo offshore para esconder esses CPFs”, disse.

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“A Receita apresentou essa dificuldade operacional entendendo que a ideia é interessante, que fecharia essa brecha [tributária], mas tem insistido nessa ideia na quantidade de cotistas, ainda que seja faseado”, afirmou.

Hoje, a isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos é concedida quando esses fundos têm pelo menos 50 cotistas.

O governo havia proposto aumentar esse número para 500, e o deputado diminuiu o piso para 300 cotistas em seu relatório.

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A lei já estabelece uma trava que impede um mesmo cotista de ter mais de 10% das cotas para a concessão do benefício.

“Vamos limitar as cotas familiares a 30% do total do patrimônio líquido até parentes de segundo grau. Estamos saindo um pouco dessa discussão de quantos cotistas para aprimoramento na regra de composição do fundo e que fecha essas brechas sem ter que mexer em cotistas”, disse o relator antes do encontro.

Uma fonte da equipe econômica disse à Folha que a maior preocupação é com o caso dos fundos imobiliários e que foi apresentado ao parlamentar que qualquer outra alternativa não coíbe os abusos que existem no uso desse instrumento.

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Na saída da reunião, o deputado disse que levará as ponderações da Fazenda para a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) e para a bancada do agronegócio (uma das principais forças da Câmara).

“Estou olhando também outras emendas apresentadas como sugestão para ver se a gente consegue encontrar alguma composição para que a gente possa avançar nesse tema”, afirmou.

O relator se reuniu com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e técnicos da equipe econômica nesta terça-feira (17) com o objetivo de deixar o texto “ainda mais bem amarrado” e “calibrado” com as expectativas do governo e com as alterações propostas pelos parlamentares depois de a votação ter sido novamente adiada.

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O deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente em exercício da Câmara dos Deputados, determinou que o projeto de taxação de offshores e fundos exclusivos não será votado no plenário da Casa nesta semana, contrariando expectativas de parlamentares de que ele pudesse ser apreciado ainda nesta terça.

Considerado prioritário para a Fazenda para ampliar a arrecadação federal, o projeto está trancando a pauta da Câmara -ou seja, salvo exceções (por exemplo, propostas de emendas à Constituição), nenhuma outra proposta pode avançar até que ela seja deliberada.

Líderes da Casa afirmam que havia um acordo para votar o texto somente na próxima semana, quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e lideranças terão retornado de viagem internacional. Em reunião nesta manhã com Pereira, eles pediram o cumprimento do acordo, indicando a data de votação para o próximo dia 24. O projeto já havia sido adiado da pauta da Casa no início do mês.

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“Decido não apreciar o PL 4.173/2023 para garantir o cumprimento do acordo celebrado em 4/10 com o presidente Arthur Lira”, afirmou Marcos Pereira em nota.

Mais cedo, o deputado afirmou que havia “uma vontade” de pautar o projeto, mas que seria preciso contar os votos para verificar se ela seria aprovada pelos parlamentares. “A vontade é pautar, mas também não quero prejudicar um projeto meritório e pautar e não aprovar. A gente tem que pautar para aprovar”, disse.

Ele também afirmou que União Brasil e PP, além de partidos da oposição, pleitearam votar o texto na próxima semana “meramente por uma questão política” das legendas, e não por discordâncias sobre o mérito da proposta.

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Apesar da expectativa, membros do governo federal já trabalhavam com a perspectiva de votar o texto na próxima semana. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse nesta terça que o Executivo “aceita votar hoje ou dia 24”.

O parecer apresentado no último dia 3 pelo relator do texto, deputado Pedro Paulo, prevê a redução da alíquota da tributação sobre os ganhos acumulados até agora por investimentos fora do país e de fundos exclusivos de investimento no Brasil de 10% para 6%.

O texto também prevê que os lucros obtidos com recursos mantidos em offshores serão tributados em até 22,5% sobre os ganhos, uma vez por ano, independentemente de o indivíduo resgatar ou não esses investimentos e trazê-los ao Brasil.

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O relator sinalizou mais cedo que deve contemplar pedidos da Fazenda para manter parte da arrecadação com fundos exclusivos em dezembro de 2023, afirmando que não enxerga problemas na medida. O deputado havia adiado o início dos pagamentos pelos contribuintes para maio de 2024.

“A gente entregou uma lista com parecer nosso sobre essas sugestões, por exemplo, a gente discutiu parcelamento dos recebimentos da atualização de estoque dos fundos exclusivos na medida em que possa ter uma parcela em 2023 e outras três em 2024”, disse ele depois da reunião com a equipe econômica.

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