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Com mundo de olho em Israel, Putin lança ofensiva na Ucrânia

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IGOR GIELOW (FOLHAPRESS) – Enquanto as atenções da comunidade internacional estão direcionadas à guerra em Israel, a Rússia lançou uma grande ofensiva contra uma área estratégica no leste da Ucrânia.

As tropas de Vladimir Putin iniciaram um avanço rumo a Avdiika, cidade logo ao norte de Donetsk, capital da província homônima que com Lugansk compõe o chamado Donbass.

As movimentações vinham ocorrendo há três dias, segundo avaliação de observadores militares, mas só nesta quinta (12) o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, admitiu que a situação é séria. Segundo ele, seus soldados estão repelindo ataques até aqui.

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O Ministério da Defesa russo, como de costume, manteve um tom econômico enquanto a ação se desenrola. Afirmou em sua conta no Telegram que “infligiu danos às Forças Armadas da Ucrânia” na região.

Em campo, a situação parece mais dramática. “O inimigo não para de atacar, eles vêm de todas as direções”, afirmou à imprensa ucraniana Vitali Barabach, o administrador militar de Avdiika, cidade que já foi palco de diversas batalhas e está perto da linha que divide a parte ocupada pela Rússia de Donetsk.

Moscou ampliou o território que era controlado pelos separatistas pró-Putin desde 2014, quando a guerra civil na região começou após a Rússia anexar a Crimeia como resposta à derrubada de um governo amigo em Kiev. Hoje, algo como 55% da região, que foi anexada integralmente de forma ilegal no ano passado, está nas mãos russas.

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Esta é a primeira grande ação russa, fora bombardeios de longa distância, em semanas. Ela completa de forma perigosa para Kiev a outra ofensiva em curso, que avançou rumo à região de Kupiansk, em Kharkiv, província ao norte de Donetsk.

Se tomar Avdiika e forçar um movimento em pinça vindo do norte, os russos podem isolar as forças de Zelenski na região. Seria um golpe grande em um ano que viu poucos avanços de lado a lado, mas não parece provável dado o exíguo tempo remanescente para grandes operações antes do inverno do Hemisfério Norte.

Para Kiev, é desastroso, dado que a contraofensiva lançada em junho não logrou romper as linhas defensivas russas em Zaporíjia (sul) e na porção sudoeste de Donetsk. Por outro lado, sua campanha de ataques contra alvos da Frota do Mar Negro e a contínua guerra de drones sobre cidades do sul russo cumpriu o objetivo de manter o Kremlin pressionado.

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Já os russos conquistaram Bakhmut, outro ponto importante de Donetsk, em maio, além de depois fazer a ofensiva no nordeste do país que invadiram em 2022. Para todos, a chegada das chuvas de outono e do frio subsequente no inverno significa que janela de grandes ações está no fim.

“Hoje, a captura de avdiika é provavelmente o máximo que eles podem atingir”, disse um porta-voz militar ucraniano na região, Oleksandr Chtupun. Avdiika hoje é basicamente uma linha de frente, sob constante ataque. Só 1.600 dos 32 mil habitantes do pré-guerra ainda estão na cidade, segundo Barabach.

Moscou também voltou a bombardear os portos da Ucrânia no rio Danúbio, usados como alternativa a Odessa na tentativa de escoar produtos agrícolas após o colapso do acordo que permitia isso, em julho.

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Após Israel declarar guerra ao Hamas, Zelenski disse que poderia haver uma dispersão no apoio ocidental à Ucrânia e alertou sobre a necessidade de mais armas para resistir a Putin. Moscou, por sua vez, afirmou que o conflito israelo-palestino, no qual historicamente pende para o lado árabe, é algo antigo e dissociado da guerra em si.

Pode ser, mas na prática o temor de Zelenski parece estar se materializando. Ele também verá uma pressão ainda maior para redução do envio de ajuda militar para a Ucrânia por parte dos EUA, que se comprometeram a apoiar Israel na sua guerra. Para completar, a Eslováquia formou um novo governo que pode cortar o apoio a Kiev, e a Polônia tem o tema como central na campanha eleitoral que acaba domingo (15).

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