SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Red Bull conquistou o Mundial de Construtores no Japão, há mais de um mês. Na corrida seguinte, no Qatar, Max Verstappen garantiu o Mundial de Pilotos. E assim o GP São Paulo de 2023, no próximo fim de semana, vai se tornar um campo de testes. Já terá ares de 2024.
Muitas equipes vêm usando a parte final da temporada para experimentar componentes para o próximo ano. É uma forma de driblar as restrições do teto de custos imposto pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e avançar no desenvolvimento dos carros.
Esse esforço deve ser intensificado em Interlagos, um circuito clássico, com ótima variação de curvas e que ano após ano impõe uma série de desafios aos engenheiros.
É uma pista de extremos. O primeiro e o terceiro setores, com suas longas retas, exigem baixa pressão aerodinâmica. Já o miolo do traçado pede mais carga nos aerofólios. O balanço entre uma coisa e outra é fundamental para encaixar uma boa volta.
Potência é outro ponto-chave: 72% da volta acontece com pé cravado no acelerador, incluindo a subida da Junção, com seus 33 metros de elevação. Sem motor, não dá.
Por fim, a administração dos pneus também é uma questão: o dianteiro esquerdo trabalha pouco, e mantê-lo na janela de temperatura dos demais é um problema a ser resolvido.
É, em suma, o último bom laboratório, a última boa chance de as equipes testarem soluções para a próxima temporada.
Depois de Interlagos, a F1 correrá em Las Vegas, em 18 de novembro, e Abu Dhabi, no dia 26.
O primeiro é uma incógnita: um circuito de rua que ainda está sendo montado e que fará sua estreia no campeonato. O segundo é quase isso: um traçado permanente montado numa marina, com características muito parecidas com as de uma pista de rua.
Encerrado o campeonato, as equipes só voltarão a colocar seus carros na pista em fevereiro, nos três dias de testes pré-temporada no Bahrein. A hora de testar, portanto, é agora.
Entre as dez equipes do grid, a mais animada com a oportunidade é a Mercedes.
Desde o GP dos EUA, duas semanas atras, a equipe alemã vem experimentando novas peças. As principais mudanças foram no assoalho. E deram resultado.
George Russell foi quinto colocado em Austin. E no México, neste domingo, Lewis Hamilton mostrou ótimo ritmo: terminou em segundo, feliz da vida, só atrás de Max Verstappen.
“Precisamos dar um salto para alcançar a Red Bull. Então vamos mudar completamente o carro”, já disse Toto Wolff, chefe da Mercedes, sobre o que esperar do próximo ano.
Força dominante da F1 por oito temporadas, de 2014 a 2021, a Mercedes perdeu a mão do carro na mudança de regulamento técnico do ano passado. Assistiu, impotente, a shows e mais shows da Red Bull e de Verstappen. Sua última vitória aconteceu exatamente no Brasil, em 2022. Só agora começa a ver uma luz no fim do túnel.
Mas há, também, quem tenha se perdido nesses testes para o próximo ano.
A Aston Martin levou um pacote de mudanças para Austin e para o México. O foco também é no assoalho. Até agora, porém, não conseguiu resultados. Pelo contrário: o “upgrade” parece ter piorado o AMR23.
No último fim de semana, Fernando Alonso correu com as novidades no carro, enquanto Lance Stroll manteve a configuração antiga.
O espanhol largou em 13º e abandonou na 47ª volta. O canadense largou dos boxes, após mexer no acerto do carro, e estava em 14º quando bateu em Valtteri Bottas e deixou o GP.
A próxima boa chance de tentar alguma coisa será em Interlagos. Depois, só no ano que vem.
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