O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria de 27 ataques em vilas “cristãs” no distrito de Chiùre, Cabo Delgado, norte de Moçambique, nos quais alega que 70 pessoas perderam a vida nos últimos dias.
Por meio de canais de propaganda, que documentam esses ataques com fotografias, menciona-se também a destruição de 500 igrejas, casas e edifícios públicos naquela região do sul da província de Cabo Delgado, conforme declarações acessadas pela agência de notícias Lusa.
As autoridades moçambicanas se abstêm de comentar sobre a situação operacional, enquanto relatos de deslocados que chegam à vila de Chiùre nos últimos dias descrevem ataques, destruição de hospitais, escolas e residências, além de mortes, ocorridos em diferentes aldeias do distrito, perpetrados pelos insurgentes.
O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, afirmou à Lusa na segunda-feira que os atos “macabros” que assolam o sul da província há duas semanas são protagonizados por “grupinhos” de “extremistas violentos”, mantendo, no entanto, a crença na reconciliação.
Os ataques recentes atingiram várias aldeias nos distritos do sul de Cabo Delgado, especialmente em Chiùre, após anos de foco das ações dos insurgentes no centro e norte da província desde 2017.
Valige Tauabo reconhece que esses ataques têm gerado “pânico nas comunidades”, sobretudo em Chiùre, resultando na fuga de mais de 13.000 pessoas nos últimos dias apenas para a vila de Chiùre, que se tornou um refúgio relativamente seguro.
Os ataques insurgentes em Cabo Delgado começaram em 2017, e desde então, mais de um milhão de pessoas haviam se deslocado do norte e centro para os distritos no sul em busca de segurança, retornando gradualmente a suas aldeias de origem a partir de novembro de 2022.
Apesar dos esforços de reconciliação, ainda persiste um último grupo de jovens no terreno que não aceita essa iniciativa, conforme apontado pelo governador Tauabo.
Cabo Delgado enfrenta há mais de seis anos uma insurgência armada, com alguns ataques atribuídos ao grupo extremista Estado Islâmico, resultando em um milhão de deslocados e aproximadamente 4.000 mortes, segundo dados das Nações Unidas e do projeto ACLED de registRo de conflitos.
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